Só tu sabes parar o tempo com o olhar,
com a magia que tens em ti, no teu ser.
Mas descobri que a vida sabe mandar,
e impor, tão injustamente, o seu querer.
Nunca como agora o tempo demora,
magoa com um silêncio ensurdecedor,
faz um segundo padecer uma hora,
torna gélido o que antes era tanto calor.
E as cicatrizes abrem ao sol primaveril,
ardem como se alcoól escorresse por elas,
torna em louca solidão este silêncio senil,
rasga em mim as cores loucas das tuas telas.
Sim máscaro de sorriso, a dor que hoje carrego,
porque só tu tens a cura desta doença mortal,
ninguém tem de ver a lágrima com que me cego,
só tu e a tua culpa aceite, podem tratar este mal.
Mas hoje é um dia qualquer, que já perdi a conta,
parece que foi apenas ontem mas a demora é imensa,
seguro esforçado a alma magoada que se diz pronta,
e a vontade que torna a vida ansiosa e sempre tensa.
Um dia, eu sei que vais saber, como foste tão insensivél,
vais perceber como dói a dor que soubeste dar na mentira,
vais entender que ser gente é ter uma felicidade incrível,
que o amor partilhado é a solução para toda e qualquer ira.
Talvez nesse dia... Seja tarde demais...
Talvez eu... Nesse dia... Seja apenas ar...
Talvez hoje eu não sinta nem exista mais,
talvez agora seja hora de apenas chorar.