sábado, 21 de junho de 2008

Vi-te num sonho

Ola, que bom de novo encontar-te,
e correr para ti, saudosamente a chorar,
poder sentir o teu carinho e abraçar-te,
dizer-te nos olhos que continuo a amar-te.


Ainda que em sonhos, poder falar contigo,
é felicidade colossal, que me dás na alma.
Tenho saudades de ti, sempre o meu amigo,
que no pior sempre me deste a maior calma.


Trago boas e más novas, que sei queres ouvir.
As boas, espero eternas, esperava-las docemente,
as más já as sabes porque sabes o meu sentir,
doloroso e que só tu me acalmas carinhosamente.


Agora que já me leste o choro conturbado,
abre os braços como fazias num doce sorrir,
deixa-me chorar no teu peito, abraçado,
apaga o fogo do pesadêlo que estou a sentir.


Deixa-me dormir no teu cólo paternal,
e descansar as mágoas no teu ser fraterno.
Mostra-me, como fazias, o sorrir colossal,
mostra-me que existes em amor eterno.

Inverno de alma

É Verão, antagónicamente, chove-me
nos olhos inundados de saudade.
Este turbilhão de emoções comove-me,
prende a respiração que tinha liberdade.


É Verão e cai por terra, como no outono,
a folha caduca que trazia no meu peito.
Cai numa terra que sempre teve dono,
onde um dia, por ilusão, pensei ser o eleito.


É Verão, mas neva-me na palavra amarga.
Um frio gélido que no sangue me corre.
Uma verdade que ao meu sonho embarga,
toda uma ilusão que naquela praia morre.


É Verão, mas o vento bravio sopra desmedido,
tufões, tornados, furacões destroem tudo ao passar.
Nada será igual neste areal que um dia foi querido,
e que hoje suporta e choro da alma que trás o meu amar.


É verão nesta praia onde tsunamis arrasaram,
os sonhos imensos que num inverno deram calor.
É inverno eterno para os sonhos que acabaram,
e que um dia, para sempre, se tornaram de amor.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Caminho de ferro

E assim segui pelo caminho de ferro,
de olhar, amargurado cabisbaixo e triste,
a sentir, no peito dorido, o meu calado berro,
que nasceu, a chorar, porque o amor existe.
...
Não que quisesse que voltasses atrás,
que sentisses alguma pena ou compaixão,
que olhassese visses o mal que isto me faz,
e me devolvesses o meu, sempre teu, coração.
...
No meu egoísmo poderia um dia querer-te,
poderia até imaginar um futuro, lindo a dois.
Irei continuar, sozinho, no meu sonho a ver-te,
mas já nada será como antes, tudo será o depois.
...
Mas nem assim, deixarei de te querer como quero,
nunca por nunca te deixarei de te desejar e amar,
nunca o que sinto poderá ser reduzido ao simples zero,
porque és unica, um sonho, um tesouro e assim irás continuar.
...
Neste caminho de ferro enferrujado
em que me dói o sentir-te a partir,
Vou sozinho e triste, mas resignado
porque te quero ver um dia a sorrir.

sábado, 14 de junho de 2008

Salvo por um anjo

Ali estava aquela alma irrequieta,
chorava compulsivamente sozinho,
na sua mão suada e semi aberta,
tinha o fim do que era mesquinho.

Chorava, sem saber a real razão,
naquela hora de triste felicidade.
Era hora no seu triste coração,
de acabar com toda a sua idade.

A coragem que lhe faltou outrora,
estava pronta neste momento.
Avisou todos que esta era a hora,
E preparou o fim do seu tormento.

Abriu a mão para o comprimido final,
Abriu a boca com vontade de morrer,
Fechou os olhos para não ver o mal,
e no seu bolso um anjo o fez tremer.

Parou e atendeu, ouviu uma doce suave,
um som divino e único que o fez parar.
Algo que mortal e leve como uma ave,
e que lhe mostrou que ainda existe amar.

Era um anjo, sons distantes mas muito presentes,
e outro veio para acalentar o seu pobre coração,
Mais um e outro, mostraram que não estavam ausentes,
e que a ele se deram em amor e doce compaixão.

Alguns dos anjos que vivem em seu, meu redór,
não sabem que são fundamentais para o meu viver.
Não sabem que me salvaram com todo o seu amor,
que os amos e que nunca, mas nunca, os irei perder.

O Palhaço Pobre

Era um circo, pequeno mas engraçado,
nele tudo era perfeito, lá tudo era alegria,
O Patrão, um apresentador afamado,
dizia, tudo era bom se uma criança sorria.


E quis crescer, tornar-se enorme e gigante,
contratou estrelas, vedetas e comprou animais,
fez do seu circo algo sem nada semelhante,
criou um espéctáculo com ilusões irreais.


Mas esqueceu o que é o circo e o seu propósito,
alheou-se de ser justo, humilde e verdadeiro,
alheou que os seus filhos são o seu fiel depósito,
esqueceu o que o que queria o mundo inteiro.


Um dia em desespero pegou no seu filho, palhaço.
E quis fazer dele à pressa, sem jeito nem preparação,
um Homem na corda bamba lá em cima muito alto,
e do seu filho nunca aceitou uma reclamação.


O palhaço, que nada mais queria que era sorrir,
fazer sorrir e distribuir fatias de alegria e felicidade,
tornou-se homem, na corda bamba, a ir e vir,
em movimentos que se perdiam com a idade.


E sem alegria, o palhaço, na corda bamba, viveu,
foi infeliz mas era lindo o seu número de habilidade.
Até que um dia o seu show ficou pobre, esmoreceu,
tornou-se chato, aborrecido e de fraca qualidade.


E o palhaço que um dia tinha sido o maior do mundo,
que fez de tudo lá em cima na corda bamba da vida,
de repente, sem aviso perdeu tudo num segundo,
e a sua performance deixou neste circo de ser querida.


Mas o apresentador, homem forte, nunca derrotado,
sem avisar decidiu dar ao show um novo alento.
E na hora em que o palhaço lá em cima tinha começado,
e tirou a rede que lhe protegia o erro no movimento.


E o palhaço, sem aviso e aterrorizado, continuou.
Mas incrédulo, tornou o seu passo tremelicado.
Tropeçou, caiu de muito alto e viu que tudo acabou,
e sorriu a morrer porque a felicidade é o seu maior pecado.


O homem da corda bamba, que um dia sem rede trabalhou,
que só era feliz e bem sucedido em palco a ser palhaço pobre,
Morreu mas é feliz onde quer que esteja, porque aqui deixou,
A história da sua vida e de como ser humilde é muito nobre.

Hoje o circo foi vendido, a quem da arte percebe.
Homens sábios mostram ao afamado apresentador,
que de nada vale o que se dá e sobretudo recebe
se em tudo o que se faz nunca o fizermos com amor.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Sentir de verdade

Sabia bem ter-te aqui, junto a mim.
Sabia tão bem sentir o teu carinho.
Sabia bem dares-me sossêgo por fim.
Sabia como nunca mostrares-me o caminho.


Era bom poder sentir a tua mão.
Era bom poder ouvir a tua voz.
Era bom sentir bater o teu coração.
Era bom que nada restasse, apenas nós.


Vamos misturar, num abraço, os perfumes,
de duas almas e corpos cansados de lutar.
Vamos fazer o mundo ruir de enormes ciúmes,
porque não existe nada como o nosso amar.


Sabia bem fazeres o mundo parar lá fora.
Sabia bem sentir o conforto de te ter comigo.
Sabia bem ter-te comigo, aqui, mesmo agora.
Sabia bem amar como so contigo consigo.


Era bom, vires brilhante qual anjo que és.
Era bom, poder mostrar que sou teu admirador.
Era bom, poder gritar ao mundo como tu és.
Era bom, gritar para o mundo ouvir que és o meu amor.

Do cais ao sol

Sinto verbos, doces, cada vez mais distantes,
esqueci adjectivos que um dia me pintaram,
perdi o olhar que me guiava por sitios distantes,
o sorriso e o humor que me sempre caracterizaram.


Não sei onde anda aquela vontade de livre voar,
fugiu, como tudo de mim se têm afastado mais,
E por mais que mintam nunca irei parar de lutar,
porque um dia a verdade voltará a este cais.


E nesse dia, tudo voltará ao cais, será tarde.
Nesse dia, já não serei marinheiro. Irei Voar,
rumo ao sol, qual ìcaro, e ver como arde,
a minha asa que um dia quiseram cortar.


Poderão nesse dia até me chamar de mártir, e penar,
podem até sofrer, até à última, por serem culpados,
podem viver com um nó na garganta, e chorar.
Mas vivem assim porque amam ser enganados.

Abismo

Tens sempre essa mania incorrecta,
que és sempre menos que os humanos,
que na tua vida não ha nenhuma recta,
e que és para tudo um erro, um engano.


Sentes tudo isso, num turbilhão de emoções,
vives como se te caisse um astro sobre a cabeça.
Mas ninguém te merece todas as privações,
nem mesmo aquelas que em sonhos eu te peça.


Vives tudo isto induzido por quem disse e diz,
que te ama, te quer bem, e anda em sobresalto,
que quer voltar ao dia em que eras alguém feliz,
mas mente cada vez mais e sempre mais alto.


Sonhas com a mudança de quem nunca mudou,
dos que nunca partilharam ou souberam dividir.
Acredita que essa ideia a muitos sempre agradou
pois nunca suportariam voltar a ver-te sorrir.


Pára, olha o céu, arranja a coragem que te falta,
tudo será melhor que agora, tudo terá fim,
acredita que não doerá mais que agora e salta,
acredita que não vais mais sentir falta de mim.

Sol doentio

Apesar de brilhares, forte e quente,
de fazeres a vida nascer e crescer,
de dares sorrisos a toda a gente,
mesmo assim, não pára de doer.


Esqueço ao som melancólico da tua luz,
aquela que rejuvenesce todos menos eu,
que a vida existe, que um sorriso seduz,
que dás vida a tudo e nada disso é meu.


Sozinho e isolado, sinto cada pulsação,
sinto cada escorrer desde os olhos até cair,
o teu som, não perturba a minha solidão,
e a tua luz já não me dá vontade de sair.


Brilha e faz sorrir quem acredita que há vida,
dá-lhes vontade de vencer, de te verem feliz,
dá-lhes essa vontade, que um dia me foi querida,
e que hoje já não me quer, nem dá o que sempre quis.

domingo, 8 de junho de 2008

Esta Noite

Os dias, hoje, têm todos o mesmo tempo, é triste,
não há um que acabe sem que os olhos se inundem.
A esperança já abalou há muito, e a desdita existe.
A felicidade já não tem alma, os sorrisos não iludem.


Hoje, o pensamento tem apenas um desejo forte,
que é sempre cortado pela falta de coragem,
sou um erro, já o sei, entregue à minha má sorte,
e não há quem me leve para a outra margem.


Esta noite, pode ser apenas só mais uma igual.
Pode até nada mudar nem a lua, no céu, aparecer.
Mas aqui sozinho, posso ter a coragem que afinal,
me fará, voar a alma, sozinha e, enfim, parar de sofrer.


Queria apagar quase todos e tudo do meu peito,
queria voar pra longe, ser feliz, ter todo o calor,
Ter tudo certo e ajuda para mudar o imperfeito,
queria viver com um sonho, e sentir o seu amor.

Amigo

Escrevo-te, já não tenho como te dizer.
Queria tanto poder, de novo te olhar.
Tinha tanto para dizer,contar e fazer,
para mostrar que te continuo a amar.


Se aqui estivesses, de verdade a meu lado,
mesmo sabendo que estas sempre comigo,
tudo seria diferente, nada estaria errado.
Sim preciso de ti, só tu foste meu amigo.

O fim do Ego

Eu sei, calem-se, não precisam de o repetir mais.
Não insistam que o meu Ego não pode mais descer,
calem , vocês vozes sem amor, as frases sempre iguais,
e deixem que encontre, longe, por onde me perder.


Az razões que invocam, e que dizem ser verdade,
são mentiras e vigarices, falsidades e encenações.
Todos não passam de tristes figuras sem idade,
uns encenam e representam outros vivem de ilusões.


E assim desaparece o ego que um dia foi enorme,
o sorriso voou, o olhar entristeceu, o grito já é mudo.
Hoje até o viver magoado e sozinho me consome,
viver, hoje, é apenas respirar, nada para mim é tudo.


A vida é dura para quem é mole, dizem sábiamente,
e eu, estúpidamente, verguei, amoleci e deixei correr.
Hoje não irei, nunca mais, juro, aceitar quem só mente,
nem que isso continue a matar-me e fazer-me sofrer.