Abre, generosa, a tua mão,
quero apenas e só a ti dar,
o meu muito ferido coração,
para que o possas guardar.
Por favor não digas que não,
sabes que só a ti o posso confiar.
Vivemos em mundos diferentes,
apesar de sermos carne igual,
seguimos rumos divergentes,
saímos ambos da vida mal.
Talvez por seres mais que eu,
ou sentires menos do que sinto.
Talvez apenas por sonhares menos,
muito menos que o que sonho e pinto.
Mas foste, vives em outro mundo,
numa baía perdida de noite ao luar
ou num mar longínquo e profundo,
num banco, um muro a naufragar.
Abre, generosa, a tua mão,
quero apenas e só a ti dar,
o meu muito ferido coração,
para que o possas guardar.
Por favor não digas que não,
sabes que só a ti o posso confiar.
E vocês que se acham supremos,
não vêm como erram na vida?
Dizem menos que queremos,
aprofundam sempre mais a ferida.
Nem em sonhos imaginam o doer,
o chorar que provacam em cada olhar.
Talvez achem que são a razão e o viver,
e que cada um vos tem de adorar.
Talvez por serem mais que eu,
ou sentirem menos do que sinto.
Talvez apenas por sonharem menos,
muito menos que o que sonho e pinto.
Abre, generosa, a tua mão,
quero apenas e só a ti dar,
o meu muito ferido coração,
para que o possas guardar.
Por favor não digas que não,
sabes que só a ti o posso confiar.
Até tu em quem confiei a vida cegamente,
foste capaz de fazer ruir este nosso castelo,
e continuas certo que és verdade erradamente,
que tudo o que fazes e bom, supremo e belo.
Atenta nas palavras que professas,
que dizes ler intimamente no teu ser,
por uma vez abre-te e diz que confessas,
o teu errar, o teu vitorioso perder.
Talvez por seres mais que eu,
ou sentires menos do que sinto.
Talvez apenas por sonhares menos,
muito menos que o que sonho e pinto.
Abre, generosa, a tua mão,
quero apenas e só a ti dar,
o meu muito ferido coração,
para que o possas guardar.
Por favor não digas que não,
sabes que só a ti o posso confiar.