segunda-feira, 29 de março de 2010

Anjo Aprendiz

Quem te ensinou esse triste chorar?
será que também aprendeste a sorrir?
Quem te espera a lacrimejar no regresso,
será quem te viu um dia chorar a partir?

Os rios que correram para o mar,
As águas que não voltam a passar,
são lágrima que nada valem a chorar,
são sorriso de ilusão que não vais esboçar.

Precisas rasgar o passado, viver o presente,
sonhar outro futuro como mereces e queres,
precisas sorrir pelo bom que ainda sentes,
ser apenas tu enquanto por aqui estiveres.

Fazer do teu olhar o teu divino estandarte,
salvar uma vida que juraste sempre proteger,
talvez até mudar tudo ou sómente adaptar-te,
mas sobretudo aprender como é bom viver.

Um sonho é muito mas não é tudo na vida,
um abraço é bastante mas não te dá alimento,
uma palavra pode sem imensamente querida,
mas pode gerar um enorme e pesaroso lamento.

Crê em ti, só tu sentes o que sabes sentir,
Vive por ti e para ti, sabes bem ser feliz,
pelo menos a ti nunca soubeste mentir,
e na tua alma vive um anjo aprendiz.

Ès verdade e pureza, Anjo Aprendiz,
Trazes na alma felicidade e bondade,
o mundo brilha quando tu sorris,
éssa será eternamente a verdade.

Lição


Esqueceram na Vossa pressa
de me tornar homem adulto,
de que a mágoa volta expressa
no sorriso de cada insulto.


Esqueceram de me ensinar,
para que pudesse aguentar,
o que é ser, sentir e só estar,
como me posso a mim amar.


Saltaram etapas na boa vontade,
de me fazer mais humano e real,
mas sou sentimento e sou verdade,
e por isso me magoa tanto o mal.


Não vos recrimino, sou muito mais
ser, muito mais sonho e pureza,
muito mais do que os ditos normais,
e odeio-me mas amo a minha natureza.


Sou o que sou, para uns pobre e mal amado,
talvez para outros rico e quase idolatrado.
Sou eu apenas que vivo respirando sinceridade,
que apenas quis ser feliz e sem qualquer maldade.

domingo, 28 de março de 2010

Domingo de tarde

A voz presa na garganta, os olhos embargados,
a alma sofrida, inquieta, magoada e prisioneira,
os pensamentos tornam-se velhos e usados,
e a memória cansada não responde à primeira.


Imóvel e em silêncio um grito treme de medo,
a luz que já não ilumina torna vazio este espaço,
na companhia da solidão sai um desejo em segredo,
por aquele gesto enorme expresso num abraço.


Caberia ao mundo incauto ajudar nesta hora,
fazer nascer um sorriso de felicidade e alegria,
dar a mão a esta probre alma que tanto chora,
e dar-lhe um só motivo para que ao invés sorria.


É apenas mais uma tarde de domingo,
amanhã será dia e outra noite virá consigo,
talvez um dia voltes a correr sorrindo,
e queiras ser feliz eternamente comigo.

sábado, 27 de março de 2010

Batalha em ti

Vês pela janela o teu campo de batalha,
envolto na neblina húmida da manhã,
esta imagem que te aflige e baralha,
turva-te a alma que queres seja sã.


Começa o fadário de vestir a armadura,
as veste da luta que te magoam a alma,
beber o elixir da juventude que tudo cura,
diz na caixa mas, em a ti nada acalma.


Depois vem a fria dureza do sair,
puxar da espada e subir ao cavalo,
encarar o horizonte e fingir sorrir,
fingir que és forte, duro e com calo.


Dás o grito de guerra e o abismo te espera,
lutas incrédulo pela razão do teu próprio ser,
lutas a pulso sozinho por essa doce quimera,
por ser feliz por um final do teu enorme sofrer.


Ao cair do dia, páras e pensas na tua luta,
dás-te por vencido e entregas-te à loucura,
sonhas que és feliz que alguém te escuta,
vence-te o sono solitário que te amargura.


Talvez esta noite tenhas um doce sonho só teu,
o pesadelo do dia, na noite nem sempre se cala.
Lutas de dia, combates na noite o duro breu,
rasgas a alma para soltar o suspiro que te fala.


Depois vem a dura frieza do acordar,
olhar a solidão que dormiu a teu lado,
a imensidão que se perdeu no teu olhar,
pelo teu corpo dorido e tão cansado.


Dás o grito surdo de guerra para te surpreender,
queres sempre mais, queres ser feliz sem dor,
queres sentir em ti, para ti, um novo dia a nascer,
acreditar que há felicidade, que é bom sentir amor.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Donos do sentir

Com o brilho do teu sorriso
ilumino a noite e a tempestade,
a palavra, o gesto é o que preciso,
para provar a nossa cumplicidade.
E já passaram milénios nestes dias,
enquanto lágrimas lavam as fobias.


A simplicidade de um carinho em ti,
é muito mais singelo que um suspirar.
O teu perfume adoça tudo o que vivi,
e torna maior, melhor o que é amar.
Em cada segundo sinto anos a sofrer,
enquanto a solidão iniste em fazer doer.


Dá-me a mão, sente-me amor
Vamos correr livres no vazio,
Sente este eterno fogo e calor,
que jamais alguém sentiu.


Sejamos apenas donos do sentir,
pintemos em nós as cores do sorrir,
fecha os olhos sente o futuro a nascer,
como só nós sabemos olhar, sentir e ser.


Uma flor, um desejo a doce escrito,
um anel que transformas em aliança,
consegues fazer do feio tão único e bonito,
apenas com o teu maravilhoso ser de criança.
Espero um sinal, um desejo teu que demora,
um sim eterno que páre o mundo nessa hora.


Uma palavra tua, para mim é um desejo,
um gesto é muito mais que ser só teu,
o que vês no teu olhar é o que eu vejo,
o que sentes na tua pele sou apenas eu.
O tempo passa mas não dilui o sonho divinal,
somos verdade e o bem vence sempre o mal.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Será Loucura?


Relaxo nas lágrimas frias da música
Por entre os meus sonhos e medos.
Embalado em ilusões que anseio,
por tantas lutas e perfeitos segredos.


Quase toco o teu íntimo profundo,
ao lembrar o teu sorriso sincero,
nada há mais belo neste mundo
que o teu olhar que sonho e quero.


E falo, insanamente, com a solidão,
enquanto o fogo consome a tua imagem,
sinto, descompassado, o coração,
bater, querer, implorar uma paragem.


Será loucura?
Ou apenas o inferno?
Poderei sonhar e desejar,
que o meu sonho seja eterno?


Porque partir é uma alternativa,
desfaço a mala da ilusão que acalento,
sinto o corpono vazio riscado de dor,
sinto-me sem forças imóvel neste assento.


Um só abraço, seria a minha fantasia.
Um sorriso, uma palavra, um gesto teu.
Isto era tudo o que agora mais queria,
porque nunca morrerá o que um dia nasceu.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fogo

Perco-me no arder desta lareira gelada
nos estalidos da madeira e no seu cheiro,
vejo ficar em cinzas o que já não era nada,
e sinto-me o último mas sei ser o primeiro.


Enquanto ardes falas comigo nesta loucura,
talvez insanidade ou verdadeira solidão,
ou quem sabe se não será provável cura,
mas a minha dúvida é se será só ilusão.


Lá fora chove parece que o mundo vai acabar,
os Deuses lamentam e choram a tua postura,
e tu sabes quanto é preciso seres tu e mudar,
entretanto nada muda na alma e tudo dura.


Mas esta lareira aquece-me a alma apenas,
o corpo jaz gelado e imóvel caído a seu lado,
e faço das guerras e crises coisas pequenas,
escuto na surdez por vezes o lado errado.


O silêncio, por fim, talvez seja o adormecer.
O fim do fogo em cinzas ardidas esquecidas.
Pela noite tudo voltará de novo ao seu doer,
vagueando na alma por imagens perdidas.


Talvez seja esta a eterna rotina da minha vida,
em voltas circulares que não mudam de sentido,
mas trago sempre em mim esta vontade sentida,
de um dia me sentir um pouco menos perdido.