terça-feira, 3 de julho de 2012

Malmequer



Frágeis pétalas amarelas, pelo sol doiradas,
finos pedaços de vida quase que inertes,
pequenos colossos que são quase nadas,
sonhos meus imortais por mais que apertes.

A cada pétala que retiro numa crescente emoção,
vou simulando sorrisos e lágrimas esperando o fim,
umas vezes sim, outras tantas vezes apenas não,
uma alma que espera e desespera alojada em mim.

As frágeis pétalas, que o vento primaveril sacode,
esvoaçam dos meus dedos como penas no ar,
e num grito silencioso aguardo a alma que me acode,
quando o chão me foge e, sem asas, não sei voar.

Em palco antes do pano cair e se fechar,
dizem os livros, devemos dar a moral,
E se podemos aprender até mesmo a voar,
nunca saberemos suportar a dor do mal.

Mas desta vez, talvez apenas desta vez,
ao se nome a última pétala contrariou,
e entreguei-me sem dúvidas e porquês,
um dia o homem tem de ser o que sonhou.