domingo, 22 de fevereiro de 2009

Juntar a saudade

Hoje quando a alma se farta do corpo,
quando os olhos se inundam de saudade,
quando o caminho que corres é sempre torto,
e o que sentes é fruto da pura verdade.


Quando os dias são tristes e compridos,
quando as noites são de angústia e solidaõ,
quando perfumes te trazem momentos vividos,
e já não sentes o ritmado bater do coração.


Quando as horas tardam e demoram muitos dias,
e os dias se tornam semanas terríveis, longas e duras,
quando no silêncio sentes o som de quando sorrias,
e as imagens do que eras já não passam de loucuras.


Quando vês o mundo ao contrário e não sabes lutar,
quando a força que tens não chega para te fazer sorrir,
e os momentos, idos, em que sonhavas estar a amar,
hoje são o teu penar, mas que insistes em sentir.


Quando tudo isso fôr verdade
e o sentires na tua solidão.
Junta a tua à minha saudade
e vamos juntar de novo o coração.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

No meu silêncio

No meu silêncio, pinto a cara de transparente,
grito, calado, o que me arde e me vai no peito,
rio-me, enlouquecido, por aquilo que se sente
quando nada faz sentido ou não tem mais jeito.


No meu silêncio, oiço murmúrios e burburinhos,
palavras de paz e outras de guerra ao vento,
oiço pedirem ajuda, almas em gritos fininhos,
que magoam no ouvido a todo o momento.


No meu silêncio, vejo almas que se riem de mim,
vejo-as percorrendo o meu imaginário criativo,
riem do que sou, gozando a visão do meu fim,
regozijando-se pela dor do que me tornei cativo.


No meu silêncio, sem ataques de fúria impulsiva,
sinto pudor, pejo, nojo, tudo o que devia sentir.
Sinto que esta mágoa se tornou também cativa,
e que jamais serei capaz de voltar a sorrir.

A hora Certa

Movo-me pelo sol, na ânsia de me aquecer,
de ganhar algum brilho, quem sabe uma cor.
Faço-o para que o brilho me consiga esconder,
ofuscando a sombra, que cresce sempre na dor.


Escondo-me por entre o fumo de um cigarro,
na esperança de que assim fique menos exposto.
Sinto que o meu tempo é, curto, feito de barro,
que se desmorona, como se não fosse feito a gosto.


Perco-me sempre, sozinho, no silêncio do escuro,
onde falo, calado, por linhas invisíveis e incertas,
de onde sei que jamais transporei este muro,
por sentir medo de fazer outras descobertas.


E assim me deito, imóvel, dançando na mente,
de olhos fechados vendo um sonho imaginário.
Tentando sentir o que um ser, feliz e doce, sente,
porque a vida para mim é sempre ao contrário.


E assim vou afundando o mal que há em mim,
esperando a hora certa onde tudo tem o seu fim.
Porque cada ferida, profunda, é impossível de sarar,
mas em silêncio sei que consegues ouvir-me a chorar.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Às vezes

Às vezes sinto falta de ouvir rir,
daquelas gargalhadas com vontade,
que façam este árduo silêncio sumir,
e voltar o sol por detrás da tempestade.


Às vezes sinto vontade de partir,
rumar a um destino desconhecido,
onde ninguém me pudesse ouvir,
e para sempre ficasse esquecido.


Às vezes quero ficar sozinho calado,
falando comigo com se fosse louco,
e quando termino sou aclamado,
pelo que resta que é muito pouco.


Às vezes queria simplesmente não existir,
não ser audívél ou visivél a nenhum ser.
Não sendo palpavél a dor não iria sentir,
e talvez assim por ventura conseguisse viver


Mas eu do que quero nada mais sou,
do que desejo não tenho nada mais,
onde gostava de ir sei que jamais vou,
e as minhas mágoas tornara-se imortais.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Mil Ilusões

Pediste-me um momento, um sorriso,
dei de vontade sabes, é tudo o que preciso.
Pediste um abraço, e um beijo doce nosso,
dei-o porque o queria e porque ainda posso.
Pediste um sonho, uma promessa e um plano,
julguei-me na verdade e afinal era tudo profano.


Quiseste ser mulher e fiz-te uma princesa,
sonhaste em ser feliz, eu quis ter a chama acesa.
Deste alguns passos, curtos suaves e inseguros,
eu derrubava, mas construiam sempre novos muros.
Um dia eras doce e no outro conseguias magoar,
eu aguentei, mas já chega... não quero mais chorar.



Voltaste atrás e eu acreditei de novo em tudo,
pediste silêncio e o meu grito tornou-se mudo.
Ias e vinhas como o tempo, o vento ou as marés,
julgavas dona do mundo e tinhas-me a teus pés.
Magoavas com as palavras e com os gritos que davas,
mas doeu muito mais com os silêncios que guardavas.


E nessa inconstância da tua vontade e do teu saber,
nunca quiseste nada mas mostravas tudo querer.
Davas e dizias o que nunca sentiste mas mentias,
davas o que não tinhas e pedias o que não querias.
Mas por mais que chores por uma vida inteira,
nunca a tua palavra será considerada verdadeira.


Uma vez dói, a segunda mais magoa,
as seguintes criam feridas profundas,
e um dia aquela sensação que era boa,
acaba com o sonho que hoje afundas.

Não sabes o que é doer



Enquanto o barco se afasta e sai do seu porto,
tornando as palavras em espuma de saudade,
e mais milha menos milha vai ficando torto,
o que antes era máxima suprema verdade.


Como se as lágrima afogassem aquela vontade,
e como se um e um não fosse uma simples conta.
E quando te reges por ignorante desigualdade,
dão-te argumentos gastos de uma loucura tonta.


Mas pelo sabor de um sorriso sincero e verdadeiro,
por um doce susurro de uma triste alma desgastada,
Vais chorar um dia, uma semana , um ano por inteiro,
por teres rejeitado uma alma que deixaste maltratada.


E mesmo quando no fim ante de esmagar no cinzeiro,
apagas a chama viva que te moveu sempre nesta estrada
por uma visão destorcida pela mentira do sobranceiro,
fica apagada, como voto pelo chão, a promessa inacabada.


Podes chorar, ter saudade e até sofrer,
podes mentir-te e ao mundo se quiseres,
podes mesmo fugir e mudar o que és.
Mas nunca saberás como faz doer,
nem mesmo quando arrependida vieres,
ajoealhar-te aos cansados pés.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Detalhes

Não fui eu que escrevi mas é muito bonito. Se quiserem vejam também o video em http://www.youtube.com/watch?v=0LQnsm88tBI



Detalhes tão pequenos de nós dois
são coisas muito grandes pra esquecere
a toda hora vão estar presentes
você vai ver

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua
e isso lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua
o ronco barulhento do seu carro
a velha calça desbotada ou coisa assim
imediatamente você vai lembrar de mim

Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido
palavras de amor como eu falei, mas, eu duvido
duvido que ele tenha tanto amor
e até os erros do meu português ruim
e nessa hora você vai lembrar de mim

A noite envolvida no silêncio do seu quarto
antes de dormir você procura o meu retrato
mas na moldura não sou eu quem lhe sorri
mas você vê o meu sorriso mesmo assim
e tudo isso vai fazer você lembrar de mim

Se alguém tocar seu corpo como eu, não diga nada
não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada
pensando ter amor nesse momento, desesperada, você tenta
até o fim
e até nesse momento você vai lembrar de mim

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada
do tempo que transforma todo amor em quase nada
mas quase também é mais um detalhe
um grande amor não vai morrer assim
por isso, de vez em quando você vai
vai lembrar de mim

Não adianta nem tentar me esquecer
durante muito e muito tempo em sua vida eu vou viver

Mensagem

Talvez seja apenas mais um grito mudo,
daqueles que dou calado na solidão,
talvez seja só mais um momento sisudo,
talvez não seja mais que a voz do coração.


Mas a verdade, mais pura, é que estou cansado,
triste e margurado de tudo o que vem de mim.
Talvez, mais não seja mais que um grito calado,
talvez seja agora mesmo aquele princípio do fim.


Mas mesmo assim, na angústia deste momento,
escrevo o que sinto e te mando uma mensagem,
"A noite é certa enquanto o sol tiver sentimento,
e a vida não é por certo apenas uma passagem."

O meu erro

E quando vens da intemperie que se faz sentir
há muitas noites, tantas quantas os seus dias.
Como se o sol já não fosse forte para sorrir,
e os olhos fossem os mesmos de quando partias.


Pensando como é bom ter um porto de abrigo,
ter um espaço quente e acolhedor á tua espera.
Mas ao abriress a porta, nada te parece amigo,
e nada mais acalenta e tua doce e meiga quimera.


Venham nos ventos lunares, ou nas poeiras solares,
tragam das chuvas fortes e da neve da mais fria.
Eu fico parado, imóvel prometo, para a alma lavares,
e voltar a ser feliz como quando ainda sorria.


Fechas a porta ao frio e ele passa para o interior,
de luz apagada, cais no silêncio imenso da escuridão,
e enquanto cai uma lágrima quente de toda a dor,
imaginas um abraço sincero vindo do coração.


Ficas assim, inerte, como se não houvesse sorriso,
de olhos bem fechados, a custo, a imaginar a vida.
e vês imagens na memória, com a força que é preciso,
e sentes como a tua passagem é demasiado sofrida.


Venham nos ventos lunares, ou nas poeiras solares,
tragam das chuvas fortes e da neve da mais fria.
Eu fico parado, imóvel prometo, para a alma lavares,
e voltar a ser feliz como quando ainda sorria.


E tentas arranjar coragem e força onde já nada existe,
a vida foi e é, ao contrário daquilo que eu sempre quis,
e hoje já nada tem a força suficiente, já nada resiste,
porque o meu erro foi sempre o querer ser feliz.

Venham nos ventos lunares, ou nas poeiras solares,
tragam das chuvas fortes e da neve da mais fria.
Eu fico parado, imóvel prometo, para a alma lavares,
e voltar a ser feliz como quando ainda sorria.