terça-feira, 30 de outubro de 2007

Uma Carta

Mano Velho,

Escrevo-te para saber novas tuas.
Como estás? Como tens passado? A mãe só se questiona se te alimentas bem e se tens tomado as gotas. Sabes como é. Nada que já não estejas habituado.
Tenho pensado em ti todos os dias. Tenho saudades tuas.
Não gostei muito da última vez que falámos. Estavas distante. Longe como um barco em alto mar envolto por negras e supremas ondas. Tinhas uma pensativa expressão cansada. Levantavas o teu cigarro como se mais nada te pudesse valer, senão o travar do fumo do tabaco queimado. Algo te assombrava. Quis ter coragem de te falar nisso, mas mais uma vez as palavras me atraiçoaram e não saíram. Triste, cansado.
Sempre te conheci vencedor e nunca vencido. Por muitas barreiras que fossem necessário levantar, sempre arregassaste mangas, nunca baixando os braços. Aliás, nunca te deixaste dar por vencido, quando nos encostávamos ao balcão bebendo uma atrás doutra, sem olhar a medos ou receios.
Quando voltas? Quero ver-te! Abraçar-te! Falar contigo. Sentar-me contigo à mesa e rir às gargalhadas...
Dá notícias...
Tenho saudades!
Vem depressa!

Do teu mano puto!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Saudade



















A saudade é algo tão indescritivel como o amor. Que por mim se mistura e são inseparáveis mesmo em presença.
Todos os segundos tenho saudades tuas, mas há momentos em que é impossível discernir um pensamento que não leve as lágrimas a inundar os meus olhos.
Recordo os bons momentos que tivémos, que me deste. Com o maior orgulho do mundo digo que te amo de verdade. Foste, és e serás sempre uma presença constante no meu pensamento, no meu peito.
O esforços que fizemos, o que suámos, o que chorámos, o que rimos e sempre juntos. Tinhas defeitos como qualquer mortal virtuoso, mas o teu coração, a tua honra, a tua verdade fizeram, e fazem de ti, a dor que carrego e que nunca perderei.
Lembro todos os risos, o cheiro da tua pele áspera de trabalho, o teu soriso fechado como que tivesses medo de ser feliz. Eu sei que eras feliz, à tua maneira, mas espero ter-te conseguido fazer tão feliz e orgulhoso como me fizeste a mim.
Era bom, ter-te ao entrar em tua casa. Era bom poder chorar contigo e sentir que me apoiavas. Era bom saber que em cada contrariedade da vida te tinha sempre a meu lado com palavras amigas, com um abraço verdadeiro, com tudo o que precisava para me fazeres feliz.
Lembras quando subiste ao rochedo duro e liso de intempéries e gelos, abriste os braços e com um momento de humor fizeste toda a familía rir? Alguém imortalizou esse momento e tenho-o na minha cabeça como o teu momento. Como se dissesses aqui estou a ser feliz.
Lembras os nossos passeios domingueiros, onde me mostravas onde passavas de bicicleta e eu te dizia quem tinha um menino lindo? Não sei se tinhas um menino lindo, ou se era a minha vontade de criança de ser o teu menino lindo. Mas sei que eu tinha o melhor amigo do mundo.
Lembras quando me contavas como foste rebelde e viraste costas a uma disciplina que sabias injusta? Tenho-o como a prova da tua coragem, imagino o que choraste e sofreste.
Lembras as histórias que contavas, os ditos populares, provérbios e frases importantes que dizias? Tenho-as todas comigo e choro ao recordá-las.
Lembras o último beijo que te dei? Esse sim, com lágrimas, foi o único que me custou dar-te. Não que o não merecesses, mas sabia que seria o último. Foi a chorar que me despedi de ti.
Mas continuas no meu peito, na minha cabeça, na minha vida.
Disse um dia em reposta a "Quem tem um menino lindo?"..."E a pé?", digo hoje "E agora..."
Será que sou algo que te orgulhasses? Será que continuaria a ser o teu amigo? Será que ...
Para sempre o Teu Menino Lindo...Amo-te avô.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Desilusão

Desilusão é talvez a palavra certa para a frustração de um sonho.
Um dia sonhei ser alguém, que esforçadamente, contrariasse tudo e quase todos e me realizasse, bem como a quem me segue, num sonho que não era meu.
A espaços, tinha dúvidas, que eram contrariadas, sem nunca me aperceber porquê, e que me levavam a voltar ao sonho que não era meu.
Tive dias duros, dias calmos, dias de marasmo e dias que não pensava em nada mais senão seguir um sonho que não era meu.
O tempo, fez-me abrir os olhos. Ver mentiras, injustiças, hipocrisias, arrogâncias e abusos sobretudo de poder. Esse tempo fez-me lutar, umas vezes mais forte outras menos forte. Lutas com muitas mazelas, lutas fervorosas que foram acumulando dor e mágoa de quem perdoa mas não esquece.
Pois chegou a luta final, qual batalha de filme épico. Enchi-me de coragem, jurei ser um Brave Heart e lutei. Lutei por quem não pode lutar, lutei por um sonho meu, lutei até ao fim. Julguei ser bravo e que tinha a razão do meu lado. Afinal o sonho que não era meu, talvez moldado se tornasse meu e chegasse a bom porto. Afinal, quem está comigo sabia que não os deixaria abandonados.
Perdi...
Perdi tudo, perdi digno contra quem dita regras sem dignidade.
Perdi, e apesar de sofrer por isso, sinto-me vencedor. Venci porque quem comigo estava, continua a estar mesmo não me tendo como "protector". Venci uma luta viciada onde lutei de mãos atadas e num jogo onde regras são feitas á medida de quem manda. Qual ditador que ajusta tudo a seu belo parecer e sem avaliar se julga no poder da verdade suprema. Pobres coitados destes e dos seus seguidores.
O sonho que um dia era seu, poderia ter sido, um dia, meu e cairá por terra sem carácter porque nada pode nascer de uma ilusão e nada sobreviverá sendo uma desilusão...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Pensamento

Alguem escreveu a seguinte citação...

"O verdadeiro heroísmo consiste em persistir por mais um momento quando tudo parece perdido."

Julgo ser uma frase para ser lida palavra a palavra...letra a letra...
Abraço

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Ventos terríveis...

Atravesso terrenos áridos por entre um vento medonho, uma tempestade de areia que não me deixa ver o horizonte. Perdido e quase sem forças, luto por uma bonança que tarda em chegar.
Espero um dia limpo, com um sol radiante. Mas por certo vou no caminho errado. Disse um sábio, "nenhum rumo é correcto se não sabemos para onde ir". Verdade indesmentível e dura que me traz de volta á minha tempestade.
Queria que fosses tempestade em copo de água, orvalho da manhã, mas cresceste. Ès tornado, furacão demonstração de força sem igual.
Onde pararás, o que deixarás, quem sobreviverá, onde estarei quando passares?
"Nenhum rumo é correcto se não sabemos onde ir"... e vem de novo este chavão que me deixa perdido sem saber que rumo levar...