terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Porque cantas Cotovia

Mas se é inverno porque cantas cotovia,
imagina que podes ficar com o canto rouco,
julgas que alguma flor, algures mais, te sorria,
ou encantarias com esse canto doce e louco?


Agasalha-te, guarda o canto para outra estação,
aquece o teu ninho, dá-lhe um toque maternal,
sente lá fora a chuva e o frio, mas vive com emoção,
porque, está agreste, mas afinal é Natal.



E pede-me o mundo,
dar-to-ei num segundo.
Pede-me um raio de Luz,
roubo-o no sol que te seduz.
Pede-me um horizonte para olhar,
dou-te o futuro porque é bom saber amar.
Pede-me, um segredo, um doce encanto num sorriso,
voarei sem asas, saltarei para o abismo se for preciso,
Mas por favor, sê gentil, sê sincera, trata e cuida de ti,
porque, no fundo, em verdade, uma alma só é feliz quando sorri.


Mas o que importa se canto fora da estação,
que importa se está muito frio e posso adoecer.
Se o que faço, é verdade e vem sempre do coração,
e o meu canto fará a mágoa deixar de doer.


Porque o cantar sincero, tem de ser no momento,
esteja frio ou calor, seja noite ou dia, venha quem vier,
e exige, mesmo que doa, que seja feito com sentimento.
Porque o Natal é sempre que um homem quiser.

Vida

E se a vida fosse o silêncio somente.
Fosse, em si, preenchida por completo,
de nadas cheios de tudo o que se sente,
de curvas transcritas num segmento recto.


Em que a luz ausente nos ofuscasse a ilusão,
onde a água nos secasse a dor de um sorriso,
onde encontros desencontrados de escuridão,
se tornassem imóveis nas porta do paraíso.


Onde as estradas nunca fossem a lugar algum,
onde os rio nascem no mar, contra natura,
onde o a comida farta esbanjasse sem jejum,
e onde tudo é lento mas nada de nada dura.


E se de repente o norte fosse sul, por um dia,
o alto, baixo e o claro, escuro...seria o Fim?
Talvez não... Diria eu, enquanto calmo sorria,
porque no fundo uma vida é mesmo assim.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Banco de Pedra

Num banco de pedra e cimento,
onde a saudade lava o esquecimento.
Viverá eternamente o meu bem querer,
por muitas vezes incompreendido e a fazer doer.
Exposto ao frio, ao calor, à noite e ao dia e à solidão,
imóvel, como o teu coração, fixo preso ao chão.
Um dia fora o banco mais belo de todo o universo,
soube pintá-lo, contá-lo e cantá-lo em verso.
Mas hoje...hoje já não, porque me faz chorar,
o banco é o mesmo mas a dor não sabe acalmar.
Talvez o pintasse de negro por uma raiva ignorante,
ou de bege pela inércia e passiva vida errante.
Quem sabe de castanho para mostrar resitência e simplicidade,
mas ficará verde de esperança na justiça da verdade.
Porque sempre o fui e serei até morrer,
porque devo ser sincero mesmo se doer,
porque assim foram os que me ensinaram,
Porque não calei, não omiti quando os ventos começaram.
Mas haver um dia aquele banco dará p seu juízo final,
talvez então falar, peças desculpa e desculpes... acabe o mal,
talvez aí o sentimento se torne imortal.

Cataclismo

Se o corpo recusasse, porque não quer dizer,
o que a alma reclama quando nos chama...
Se no cansaço de alma, de um escravo,
jamais se extinguisse essa inflamada chama...


E se um sol desse luz fria e a lua reflectisse uma imagem,
qual escolherias, para ter nas tuas noites de luar?
Talvez um flor, um animal, qualquer coisa abstrata,
que só sabes comos e faz e como se pode sonhar.


E se no sopro de uma flauta, tocando sozinha com vida
como gostavas que fosse essa doce e bela melodia?
Por certo uma balada, lenta e suave sem som, calada,
talvez um silêncio inerte, que apenas do coração saía.


E se o mundo, irrequieto, desse uma volta ao contrário
ficasse de pino, se a noite fosse dia e o sim fosse não.
Se o mundo acabasse agora, e já nada mais interessasse,
será que aí eu poderia ter por fim o meu perdão?

Uma curva

Hoje passei por ti no escuro de um sonho,
não que fosse amargurado e medonho.
Escuro porque era noite na rua e chovia,
sonho porque há muito, era isto que queria.


Tenho passado muitas vezes por ti, sozinho,
deitado, triste e com o choro por vizinho.
Sim, é muita saudade, porque eu sei admitir,
saudade dos dias, noites em que te via sorrir.


Sabes, ninguém sorri como tu, livre e solta,
de alma livre a voar e em sonhos envolta.
Um sorriso divino, doce, como tu não sabes ser,
um sorriso que por muitas palvras não faz doer.


Mas hoje passei por ti, num sonho real, acordado,
não me viste, eu sei, também não estava combinado.
E sabes dei-te, mais uma vez o melhor de mim,
o meu ser que me sai dos olhos molhados e carmim.


Passava, se deixasses, mais uma, outra e outra vez mais,
ficarava ali parado eternamente, imóvel, tornando-nos irreais.
Só para te poder ter perto da vista, mesmo sem te poder sentir,
mas ficava e poderia chorar para sempre, feliz, por te ver sorrir.

domingo, 14 de dezembro de 2008

A Viagem

A viagem está marcada, desde que nasci,
pelo caminho ficam horas de longas esperas,
fica tudo o que saboreei, senti, vi, cheirei e vivi,
ficam as imagens e planos de todas as quimeras.


Não me vou atrasar, a partida não pode ser adiada,
a viagem longa jamais permite atrasos ou voltas.
Não há tempo para despedida, nem mesmo apressada,
e de nada valerá que se levantem dores ou revoltas.


Estou pronto, sem malas nem bilhetes na mão,
sei quantos me esperam seja qual for o destino,
Quando amanhecer restará apenas a emoção,
de um adeus triste, perpétuo e repentino.

Já o sol vai alto e eu cheguei ao meu destino,
e lá vejo e oiço todo o meu espaço terreno.
Já senti todos o que me viram chegar, peregrino,
já descansei e consigo ter paz em pleno.


E eis que ela chega, de olhos lavados de saudade,
com um nó na garganta, e olhar vago e distante,
teria sido a hora de falar e contar toda a verdade,
mas a partida fará o destino eternamente errante.


Diz o que sentes, sempre e em verdade.
Porque a vida é fugaz, curta e por vezes aflita
Não fiques eternamente perdida na saudade,
e com a dor de a verdade não ter sido dita.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Deslumbre de esperança

Dizem que estou diferente, acredito que sim.
Mas de que me serve ter o meu feito mudado,
se tudo o que sonho e queria ter em mim,
apenas me dizem e mostram ser passado.


De que vale ter calma se não tenho paz para disfrutar,
de que vale conhecer-me melhor e controlar a impulsão
se tu já não estás mais neste mundo que adorava partilhar,
se tudo o que ouço é apenas o bater, fraco, do coração.


Para quê ter sucesso, se não tens com quem festejar,
ter um dia bom ou mau se não há a quem o contar.
Para quê, ter sonhos e planos se não há como os partilhar,
ter desejos e nunca sentir um ombro num longo abraçar.


Foge o chão, rasgam-se os sonhos, espalha-se alma,
seguro-me ao ténue deslumbre que é a esperança,
perco os sentidos mas permaneço na doce calma,
porque aquele que espera sempre ou nunca alcança.

Porta Aberta

O erro, esse tem sempre dono,
tem sabor amargo, que eu sei,
vocês dizem, e eu perco o sono,
tudo parece perfeito e já ser lei.


Tomo decisões por mim ou induzidas,
porque não as tomar é já estar a errar,
mas erro de novo em frases tão batidas,
que só vocês dizem e voltam a expressar.


E o único a errar, eu sei, sou sempre eu,
erra na forma, no ser, no estar e no fugir,
sonho e quero o que nunca aconteceu,
para vocês, passo os meus dias a fingir.


Só metade de mim está correcta, e certa,
vive por si, um novo mundo, novos amigos,
nunca a saudade criou a lágrima que desperta,
a atenção a quem lhe quer um futuro sem perigos.


Mas ela está certa, e pobres dos que apontam o dedo,
serão abandonados mesmo que tenham anos de sofrimento,
vivem num mundo, que não é da metade sem medo,
são esquecidos ao primeiro e fugaz momento.


Mas o erro sou eu, e fugir é sempre o melhor que sei fazer.
Dizem argumentando sempre a metade correcta e certa.
Para mim, já tou habituado, já nada me faz mais doer,
porque a vida, é injusta, mas em verdade a porta estará aberta.

Nosso Abraço

Dá-me um sorriso,
sabes que é tudo o que preciso.
Um palavra, doce como sabes dizer,
um gesto de carinho como sabes fazer.
Anda comigo, vamos ver o mar,
sim esse que nos ensinou a amar.
Eu sei, tá frio e é inverno,
mas aqui não está quente e sinto o inferno.
Preferes a montanha, alta e de neve branca,
onde a saudade acalma e se tranca.
Ou quem sabe ir ao cabo do mundo,
onde o som do silêncio é vagabundo.
Seja onde for, é bom ir desde que seja contigo,
seja como amor sejacomo amigo.
Mas por favor, dá-me um sorriso,
não é de uma gragalhada que preciso.
Acredita no que escrevo e digo, sou verdadeiro,
trocava um segundo contigo por uma vida,sozinho, por inteiro.
Esquece, imagens e sons, passados e presentes,
feridas e dores que sei que ainda sentes,
vem viver um sonhoa dois, um sonho Só Nosso em amor.
Anda vem sentir o que nunca nos trás nenhum ardor.
Vem cá, sente o Beijo que não existe sabor igual,
aquele que dura segundos mesmo durando horas,
que te cala a dor e seca as lágrimas quando choras,
esse mesmo embrulhado no Nosso Abraço,
que nos acalma a saudade e o cansaço.

Quatro paredes

Quatro paredes de solidão,
onde um dia fui feliz, digo eu,
onde o fumo da alma e coração,
deixavam esboçar um sonho teu.


No quadro que pintámos, jaz,
em cores esbatidas a pastel,
tudo o que a mágoa e a dor faz,
e uma vida presa por um cordel.


Na telefonia, moderna a condizer,
tocam baladas e as lágrimas dançam.
Grito, mudo, que a voz faz doer,
e os sentimentos já não encantam.


No chão deste quarto de vida,
fica um terço de prece a Deus,
já não há um meio de ter comida,
para uma alma entregue aos céus.


Guardo no rosto traços de sorrisos esquecidos,
na alma o horizonte deste olhar vagabundo.
Guardo o bom, mas o doloroso não anda perdido,
e trás-me triste, só, infeliz neste mundo.


Queria sorrir de novo, e só tu sabes curar,
a ferida funda e fétida de tanto tempo a arder.
Queria ouvir o som da palavra dita sobre amar,
e aí então sabes que não teria medo nem de morrer.

Num mundo só Teu

Num mundo que é só teu, ninguém conhece,
o que trazes na alma e preso ao teu olhar,
finges que não sentes nem ouves esta prece,
mas sei que é impossívél ela não te tocar.


Mesmo que não leias, não vejas e não sintas,
que não ouças o que profundo o teu ser te ecoa,
mesmo que te embrulhem a alma com mentiras,
eu sinto e tenho a certeza de que a saudade te doa.


Porque é impossível passar por cima do abismo,
só voando e isso apenas na alma o conseguimos,
no teu silêncio habitual usas de todo o teu sofismo
para esconder o doce que é quando sorrimos.


Sabes que muito nunca sentem o que sentimos,
não sabem que algo existe e é só nosso é ouro,
muitos não percebem o amor quando sorrimos,
e que na vida esse é o maior e único tesouro.


Mas como sempre vives num mundo que é só teu,
onde deixas entrar mas abandonas no labirinto,
onde misturas o que é bom, nosso, e o que doeu,
onde só tu sabes viver e calar tudo o que eu sinto.

Perdido no Teu Mundo

Estou perdido no teu mundo,
só, neste labirinto onde fiquei,
Bastava que desses um segundo,
para te mostrar o que já chorei.


Aqui onde tu me deixaste ficar,
preso a um sonho ou um ilusão,
ficarei à espera da maré voltar,
para poder navegar no teu coração.


E se o mar secar, na pouca água que resta,
se o vento que me gui não voltar a soprar,
espero o brilho da luz entrar por esta fresta,
espero o beijo único que me diga o que é amar.


Sento-me à espera de uma nova vaga,
uma maré em que me venhas a sorrir,
espero um hora qualquer que te traga,
e enfim poderei descansado dormir.


Aqui parado onde me deixaste a chorar,
neste frio recanto que outrora tinha calor,
eu ecôo gritos mudo chorando o te amar,
choro lágrimas doces de verdadeiro amor.

Hipermercado de futilidades


Neste labirinto comercial, onde vagueio,
sempre acompanhado da amarga solidão,
percorro cada corredor atulhado e cheio,
na esperança ter uma doce e terna visão.


Em cada calmo passo perdido que vou dando,
sinto a firmeza da insegurança de estar só.
Sinto a desilusão de uma ilusão dançando,
e uma mágoa que aos felizes mete dó.


E vou correndo, como perdido, isolado,
andando parado em cada corredor.
Olho a multidão, sozinho e sempre calado,
na esperança de encontrar o teu amor.


Estupidez, o amor não se compra nem vende,
mas saudade mata-se com um simples olhar.
Vou sonhando, porque o sentimento me prende,
até ao dia em que me vais voltar a amar.


E chega ao fim, sem ter cumprido a lista,
sem ter comprado o fármaco para a dor.
Muitas ofertas, mas aqui talvez não exista,
o que procuro, para a saudade. O teu Amor.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Como Se Não Houvesse Um Fim

O nevoeiro intenso faz com que não sintas,
o toque magoado de quem quer ser feliz,
como se o céu suportasse todas as mentiras,
por um olhar que já não sabe o que diz.


Nesta rua fiquei só, triste, parado a olhar,
todos os seres vivos imóveis à minha volta,
Desde a hora em que te vi lentamente afastar,
e que me dá um sentimento enorme de revolta.


O mar não mais teve aquele brilho doce lindo,
a neve jamais teve a cor virgem que devia ter,
as palavras nunca mais foram doces, ditas sorrindo,
e o relógio conta os segundos que passo a sofrer.


Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera,
mas um jardim chora, sempre, a morte de uma flor,
E nada neste mundo será tão belo e doce como era,
porque morre lento o meu coração cheio de dor.


E não há mais fim,
Não há nada em mim,
Tudo o que sinto, dói, é ruim,
Sou o que resta de um Querubim.
E tudo dói como se não houvesse um fim...

sábado, 6 de dezembro de 2008

Deixa-me Chorar

Hoje estou triste, sim é apenas porque chove,
ou talvez não, quem sabe por ser fim de semana,
ou porque tudo o que me faz feliz e me move,
se fechou numa mentira chantagiada e profana.

Sim, dói demais ouvir que nos amam de verdade,
para depois, no imediato, partirem com medo.
Dói profundamente sentir que o amor e a saudade,
nunca vão, por ti, poder ser mais que um segredo.

Mas, sabes, dói imensamente mais saber obrigada,
violada no teu espaço que é a tua vida, o teu mundo.
Dó saber-te porque o ouvi de ti numa frase pranteada,
Tem de ser senão não teremos paz por um segundo.

Isso é dor que corta, como espada trespassando o coração.
O mais duro e fatal golpe que desferiram no meu peito,
e se a alma de verdade não te deu para a vida uma razão,
então, deixa-me chorar, porque eu não sei ser de outro jeito.

Abraço

Sinto a tua lágrima escorrer no meu ombro,
neste abraço de amor, de amigo, de companheiro,
sinto a tua dôr como se fosse minha, porque o é,
e fico calado a ouvir o chapinhar da água na rua.
Em silêncio, ao som de uma lágrima a cair,
ecoo gritos mudos de uma saudade,
serei teu médico, teu amigo, teu enfermeiro,
dessa doença que te magoa eque dizem ser amor.
Mas o amor não magoa, não exige, não desconfia,
o amor mão bate, não cála e não persegue,
o amor não vive de ilusões e mentiras.
O Amor, aquele verdadeiro e sincero, que sentimos,
que pára o mundo, os relógios e o trânsito,
que fazer o sol brilhar por trás das nuvens mais cinzentas,
que viver por mim, por ti e por nós,
que vê na felicidade do outro a sua felicidade.
Esse amor... Só tu sabes como ninguém,
esse jamais morrerá ou fará sofrer.
Seca as lágrima no meu regaço,
sente a força do nosso abraço,
sente a felcidade do nosso beijo,
vê o brilhar do nosso cumplice olhar
e vamos ver, ser felizes, Sonhar.

"Porque, ... Tem De Ser"

Porque, ... Tem de ser. Respondeste assim,
Vi-te de costas a esvaneceres-te no som,
senti um arrepio de desalento e desilusão,
vi que muitos brincam e troçam de mim,
mas chorei por partires a chorar num tom,
que a mim me soará sempre a violação.


Porque, ... Tem de ser. Foste pronta a dizer.
Porque um papão nos faria mal, é assim melhor,
e terminaste com "Nunca haverá nada como nós".
Como se este amor não tivesse força para viver,
como se preferisses viver para sempre com a dor,
de não amar por não poderemos e assim vivermos sós.


Porque, ... Tem de ser. Retorquiste com medo.
Porque não tiveste coragem de assumir a verdade.
E em silêncio choraste de profunda e dilacerante dor.
Mas volta ao futuro, vem aqui que te dizer um segredo,
nunca poderás ser feliz porque guardarás a saudade,
de quem um dia te fez feliz por simples e verdadeiro amor.


Sabes o que "Tem de ser", e não tem volta a dar?
É quando tudo acaba e termina, o fim da vida, a morte.
Só com esse infortúnio nos devemos e podemos resignar.
Porque em verdade com vida, nunca devemos calar e aceitar,
o que nos dão como certo porque "Tem de ser", por sorte,
porque dessa forma, eternamente, com mágoa iremos chorar.


Ergue-te do chão e olha o o horizonte na tua frente,
vê como é bonito o sentimento e a cumplicidade existente,
usa a força que tens contra tudo, contra todos, sê resistente.
Porque um dia, será feliz e verás nesse teu futuro presente,
Que a mentira apenas faz feliz se se acreditar quando se mente,
e a saudade dissolve-se porque o sentimento era doente.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Desalinhado

Há dias, em que a noite se revela assim,
escura invernosa e fria, mas o calor é teu.
É nessas noites que livre de tudo e de mim,
ficas envolta nesse teu fino e translucido véu.


Vens entre a fumaça do calor da terra,
silenciosa caminhando por estre as estrelas,
cantando calada a oração de quem berra,
dizendo que o passado foi das coisas mais belas.


E mentes ocultando e omitindo o que desejas,
como hábil ilusionista que engana quem te vê,
se és verdade e sabes bem o que almejas,
e como dizes queres ser feliz... então sê.


Tudo foi demasiado doce e verdadeiro,
tudo foi marcante, unico e sentido em mim.
E quando água já não corre neste doce ribeiro,
então o Inverno não mais terá o seu fim.


Sou muito menos do que o que sonho e quero,
mas trago tudo em verdade no meu peito.
Porque o sol, nasce todos o dias e eu espero,
que um dia nasça para mim e seja perfeito.

Gota de Orvalho

Sabes, sem saber encontrei um doce
Pedi-lhe amizade sem algum interesse,
sem saber o que era o que quer que fosse,
pedi e foi bom sem que ninguém o soubesse.


Em pouco tempo vi a doçura que trazia,
quando sorria, quando me falava...calada,
era tão doce e que apenas um olhar fazia
crescer um sonhar de amizade inacabada.


E cresci, sabes, porque me fizeste sorrir,
uma noite, esta mesma em que te escrevo,
apanhaste a minha alma a querer partir,
e mostraste como a vida tem relevo.


Para mim és gota de orvalho neste deserto,
vento de mudança no mar que me magoa,
és uma amiga no sonho que hoje desperto,
que magoada és feliz porque não vives à toa.


Por tudo isto sei que se te dói
a mim é algo que me mata.
Porque a dor que nos mói,
acaba com a amizade de prata.


Prata que ouro será, prometo, um dia
para no outro ser platina e diamante.
Uma amizade que para sempre sorria
que começou um dia e seguirá por aqui adiante.

Dedicada a Cristina... Obrigado por me fazeres sorrir hoje amiga.