domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sabias...


Sabias...
Pode haver mais sede que no deserto,
mais solidão do que na lua,
mas espaço do que esta rua,
mais calor quando estás por perto.
Pode haver mais kilómetros que esta estrada,
mais frio que na serrada mais fria,
um novo fechar quando se abria,
um tudo que é um quase nada.
Sabias...
Pode haver uma escrita de luz,
um simples desejo em um gesto,
uma vontade em cada manifesto,
um perfume doce que te seduz.
Pode haver um soneto feito em prosa,
uma cor que te deixe mudo,
um quase nada que é mais que tudo,
um novo nome para esta rosa.
Sabias..
Se me fizesses viver, também poderias viver,
Se me fizesses sorrir, por certo sorririas também,
Se me fizesses ser pai, tu serias a melhor mãe,
Se me fizesses feliz, bastava-te um só querer.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Desabafo solitário


Quando o nó aperta e os olhos se inundam,
cai-se por terra enfim cansado, de desalento.
Os olhos sufocados de dores que não acabam,
anseia-se que venha a luz que se faça momento.
E se são essas feridas que te ferem e te matam,
fecha os olhos e muda para preto deixa o cinzento.

Se o sono acalma a mágoa, porque não dormes?
Se a música anima, porque não danças?
Se o sorriso ilumina o caminho, porque não corres?
Se a correr chegas mais depressa, porque te cansas?

É sina que se repete e sucedede incessantemente,
qual maré agitada que vai e volta sem mais parar.
Acordas e vestes a máscara, qual actor que mente,
impões o escudo qual gladiador ferido para lutar.
Sobra-te a alma fraca, ferida, cansada e dormente,
o coração que já não bate parou de cicratizar.

Se partir é solução, porque não vais mesmo agora?
Se no fim tudo recomeça, porque não termina neste segundo?
Se é na vida que te magoam, porque não tentas ir embora?
Se aqui não és feliz, porque não partes deste mundo?

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Insanamente


Chego a ouvir aqui no escuro os meus próprios pensamentos,
misturado com esse perfume que trago eternamente na alma,
gritos mudos sem cura mesmo com terapias e medicamentos,
perfume inexplicável que me dava tanta felicidade e calma.

Estupendo, dirias em castelhano, com o teu sotaque perfeito,
talvez me dissesses que apenas o escrevo, que é mentira,
ou apenas sorrises, envergonhada contra o meu peito,
mas tudo não passa de silêncio colossal que não expira.

Loucura, demência.. Talvez... Sinto-me incapaz de me encontrar,
percorro caminhos, invento alegrias, pinto felicidades imensas.
Sabes, chego mesmo a querer adormecer e não mais acordar,
escondo as dores, falando apenas das menores e menos intensas.

E quando durmo, sonho, nas poucas vezes que isso acontece,
lá tudo é pôr-do-sol e sorrisos, verão ou primavera florida...
Um abraço, sim o teu abraço, é o desejo em cada prece..
Um beijo, sim um beijo teu, é só tudo o que mais quero na vida.