quarta-feira, 27 de abril de 2011

Uma Imensa Falta


Sim, sinto falta, uma falta imensa...
Perguntas-me de quem, de quê, porquê...
Eu respondo...
Depois de limpar as lágrimas do dia,

que é de mim que sinto falta,

do sorriso que me envelhecia,

porque era viver o que tive

e agora é ver como se sobrevive

dolorosamente ao dia-a-dia.

Voltas à carga, anjo sem sexo,

fazendo perguntas para mim sem nexo,

com a tua colossal preocupação,

e o teu imenso querer em ter-me de volta.

Se tens tudo para ser feliz,

quanta alma se irá dissolver pelos teus olhos?

Afirmo consciente da minha dúvida,

que não sei, e na verdade não o sei,

se for até ao fim que seja breve,

prefiro não mais um dia assim que mil anos desta forma...

Fica áspero o teu ar inquieto,

que não condeno porque me queres bem, sou teu neto,

mas é a verdade do que sinto no momento,

e toda a amargura que floresce em cada sentimento...

E tento, talvez sem sucesso,

mostrar tudo o que perdi enumerando,

cuidadosamente o cuidado que nem sempre foi expresso,

e tão dura que tem sido a estrada pela qual vou caminhando...

Tudo começa onde a vida termina, digo-te,

como se o fim de ti, de mim, se confundisse,

como se o mundo tivesse virado contra mim,

e tudo o que construí ruísse...

Quando apenas auguro ser feliz,

são lágrimas a refeição que me condiz.

Desde essa hora da tua partida,

desabou enfim para mim este mundo,

num abismo tão escuro e profundo,

que a queda parece não mais ter uma saída.

Temo não mais encontrar o caminho,

nem ter coragem de o fazer sozinho.

Tu foste... Eu fiquei...

Será que esta divisão será prémio porque algum dia errei?

As lágrimas que te dou,

são o muito amor que ficou por dar,

e se nunca este sentimento se esgotou,

acredita que não mais írá findar.

Depois vieram guerras e desilusões,

tristezas e frustrações,

lágrimas e agressões,

um viver tantas vezes sem sequer ter razões.

Foram discussões, separações,

afastamentos e divisões,

foram sonhos desfeitos e tantos gestos mal feitos,

foram dúvidas nunca tiradas

e viveres que agora valem enormes nadas.

Foram amizades destruídas,

relações nunca por nunca conseguidas,

foram anos de mentira e mágoa,

um amor que era ar... era água,

mas que nunca foi verdade,

e desapareceu na sombra de uma saudade.

Depois veio de novo a solidão,

os que partem e nunca mais voltam,

de novo um sozinho sentir,

um perder de novo o sorrir.

Sem razão nem explicação,

aconteceu... Voltei a sorrir...

Mas se há quem nasça para ser feliz...

Eu não... e Isso voltou-me a ferir.

Fui julgado por querer ser feliz,

fui afastado, empurrado...

Apenas porque sou velho, triste e divorciado.

E ainda que aguentasse todos os maus tratos,

pintaram-me de monstro e rasgaram-me os fatos.

E tudo volta ao príncipio nesta espiral

neste abismo amargurador e colossal,

que parece nunca ter fim,

onde o mundo se desprende de mim...

Sinto uma imensa falta...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Uma Imensa Falta


Sim, sinto falta, uma falta imensa...
Perguntas-me de quem, de quê, porquê...
Eu respondo...
Depois de limpar as lágrimas do dia,
que é de mim que sinto falta,
do sorriso que me envelhecia,
porque era viver o que tive
e agora é ver como se sobrevive
dolorosamente ao dia-a-dia.
Voltas à carga, anjo sem sexo,
fazendo perguntas para mim sem nexo,
com a tua colossal preocupação,
e o teu imenso querer em ter-me de volta.
Se tens tudo para ser feliz,
quanta alma se irá dissolver pelos teus olhos?
Afirmo consciente da minha dúvida,
que não sei, e na verdade não o sei,
se for até ao fim que seja breve,
prefiro não mais um dia assim que mil anos desta forma...
Fica áspero o teu ar inquieto,
que não condeno porque me queres bem, sou teu neto,
mas é a verdade do que sinto no momento,
e toda a amargura que floresce em cada sentimento...
E tento, talvez sem sucesso,
mostrar tudo o que perdi enumerando,
cuidadosamente o cuidado que nem sempre foi expresso,
e tão dura que tem sido a estrada pela qual vou caminhando...
Tudo começa onde a vida termina, digo-te,
como se o fim de ti, de mim, se confundisse,
como se o mundo tivesse virado contra mim,
e tudo o que construí ruísse...
Quando apenas auguro ser feliz,
são lágrimas a refeição que me condiz.
Desde essa hora da tua partida,
desabou enfim para mim este mundo,
num abismo tão escuro e profundo,
que a queda parece não mais ter uma saída.
Temo não mais encontrar o caminho,
nem ter coragem de o fazer sozinho.
Tu foste... Eu fiquei...
Será que esta divisão será prémio porque algum dia errei?
As lágrimas que te dou,
são o muito amor que ficou por dar,
e se nunca este sentimento se esgotou,
acredita que não mais írá findar.
Depois vieram guerras e desilusões,
tristezas e frustrações,
lágrimas e agressões,
um viver tantas vezes sem sequer ter razões.
Foram discussões, separações,
afastamentos e divisões,
foram sonhos desfeitos e tantos gestos mal feitos,
foram dúvidas nunca tiradas
e viveres que agora valem enormes nadas.
Foram amizades destruídas,
relações nunca por nunca conseguidas,
foram anos de mentira e mágoa,
um amor que era ar... era água,
mas que nunca foi verdade,
e desapareceu na sombra de uma saudade.
Depois veio de novo a solidão,
os que partem e nunca mais voltam,
de novo um sozinho sentir,
um perder de novo o sorrir.
Sem razão nem explicação,
aconteceu... Voltei a sorrir...
Mas se há quem nasça para ser feliz...
Eu não... e Isso voltou-me a ferir.
Fui julgado por querer ser feliz,
fui afastado, empurrado...
Apenas porque sou velho, triste e divorciado.
E ainda que aguentasse todos os maus tratos,
pintaram-me de monstro e rasgaram-me os fatos.
E tudo volta ao príncipio nesta espiral
neste abismo amargurador e colossal,
que parece nunca ter fim,
onde o mundo se desprende de mim...
Sinto uma imensa falta...