No ar fica o pó de um futuro que passou,
aquele que sonhei, ou era real, não percebi,
entranha os póros do sorriso que se matou,
fingindo tapar o sol que lá fora se ocultou.
E esta alergia crónica, a cada espirro do olhar,
carrega a verdade que naufraga todo os dias,
e não me deixa ver, lá fora, o silencioso luar,
aquele que um dia ouviu o que tu prometias.
Em cada manhã, um acordar, uma nova esprança.
Um querer imortal, ressuscitado à base de sorrisos,
uma vida nova como se voltasse a ser criança,
com milhares de ilusões e querer tão imprecisos.
Mas a tarde, vem, sempre cansada, consumindo,
cada réstia de energia que em cada soriso se gera,
e de dia para dia, sinto que a vida se vai sumindo,
e que o meu querer, o meu sonho, é uma quimera.