quinta-feira, 11 de abril de 2013

Insegurança

 
Frágil a incerteza  que te embarga a obra,
que trazes na tua alma em jeito de sonho,
silêncioso tormento que te sufoca e dobra,
e te leva de viagem num pesadelo medonho.
 
São os sonhos que nos fazem voar livremente,
nada é tão nosso quanto os sonhos que temos,
pedaços de uma alma magoada e tão descrente,
com cicatrizes profundas dadas pelo que vivemos.
 
E se na noite a matéria embarca num vôo sonhador,
com asas imateriais e espaço para além do infinito.
É pelo dia que mascáras com o sorriso essa tua dor,
da verdade, ou mentira, que estremece e cala o grito.
 
Por mais que tentes ver para além do horizonte turvo,
temes a queda imensa que a maldade te pode oferecer.
Frágil a insana insegurança, de que me escondo e curvo,
com medo que depois de hoje a alma nunca deixe de doer.

domingo, 7 de abril de 2013

Desabafo

Tenho medo que vejas o dentro 
magoado  triste que o fora oculta,
escondo-o com vergonha de mostrar
como é frágil e tímido o meu ser.
Máscaras que ostento como forma
de protecção, guarda e salvação,
do naufrágio do olhar que teima
em fustigar o doce ver quem se quer bem.
Há qualquer coisa coisa inquieta
que se revolta sempre contra mim,
uma força estranha e extrema,
que leva para longe de mim sempre
quem mais de mim tem, a quem mais me dou...
Será destino, ou falham sempre os sonhos
a quem muito sonha, deseja e quer?
Será eterno ou alguma vez irei aprender
que devo dar apenas o que recebo?
Um dia talvez encontre quem veja em mim,
o que muitos conseguem ver sem que dê nada...
Ou então perceba que o mundo não quer receber,
prefere sempre quem nunca se dá...

Ilusão Insana

Falo aqui, contigo, no meu silêncio insano,
digo-te a solidão que arrasa e atrasa a ser feliz,
sinto como uma ilusão do meu mundo profano,
a doce sensação que me olhas terna e me sorris.
 
Sabes como é mais fácil, para mim escrever,
tudo sai tão simples e não me fazes perguntas.
Não tenho medo delas, sei os erros do meu ser,
admito-os, assumo-os e aceito as ilusões defuntas.
 
Mas este teu silêncio, conforta tanto e apaga a solidão,
é fácil chorar contigo, sabes, não me olhas com desdém,
faz bem abrir-te o peito dar-te o meu magoado coração,
é muito mais simples contigo do que com outro alguém.
 
Pode ser loucura, eu sei, pode até ser mal entendido,
mas se me acalmas não nego que adoro falar contigo,
e sem te dizer tu sabes como me sinto tão perdido,
e tudo o que preciso é apenas de um verdadeiro amigo.
 
Tu que entras na minha alma e fazes sair pelos meus dedos,
todos os fantasmas, traumas, desilusões e dolorosos medos.
Vai no vento, em silêncio e entra por uma vez na sua alma,
pede que me dê uma palavra que seja e me devolva a calma.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Quem me dera

Quem me dera que estivesses aqui bem perto,
nesta árida planicie onde o vento sopra incerto,
para acalmares a alma que segue só pelo deserto,
porque só contigo dos meus fantasmas me liberto.
 
Quem me dera, viesses regar de novo o meu jardim,
com carinho e doçura que só tu sabes pôr em mim,
dar-me o sorriso lindo que tens na alma de querubim,
apaziguar o fogo incauto que tantas vezes me leva ao fim.
 
Oh divino céu, quem me dera
que tu não fosses uma quimera,
uma fantasia que esta alma gera,
um anseio que de mim se apodera.
 
Quem me dera, que da minha felicidade fizesses obra-prima,
me obrigasses a ser feliz com o teu gesto singelo de menina,
que o teu olhar, doce, a cada segundo me passasse por cima,
que me levasses no teu sorriso ao paraíso que o teu ser ensina.
 
Quem me dera que esta alvorada não passasse de um sonho real,
que a tua voz me abraçasses os ouvidos calando tudo o que é mal,
me trouxesse de novo o tanto, tão pouco, que para nós era normal,
e explodisse em mim, de novo, aquele doce fogo louco fenomenal.