quarta-feira, 27 de maio de 2009

Suspirinhos de Felicidade

É este ar fresco matinal no rosto ensonado,
brisa marinha, intensa, perfumada a orvalho,
o simples querer de um ser triste e cansado,
que tantas vezes tem por companhia o trabalho.


Pode até ser apenas a ilusão de um bem querer,
ou até um sonho que não se quer mais acordar,
seja o que for, porque o destino o manda fazer,
quero senti-lo em mim e poder voltar a sonhar.


Suspirinhos de felicidade,
doce sorriso que faz sonhar,
alegria que carrega a saudade
da vontade de querer acordar.


Antagonia irónica entre o dentro e o fora na alma,
ou mesmo o desejo, preso e reprimido de um grito.
A certeza da dúvida que nem assim abala a calma
de um coração que para ser feliz luta ferido e aflito.


Ainda que carregue no seu íntimo mais secreto,
toda uma vida em mágoa, de um triste não saber,
lança, por fora, suspirinho de um amor discreto,
lança por dentro, em festa, todo o seu bem querer.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O momento... O Mundo Parou

Anda... Vem... Nem por um segundo hesites
Quero sentir, no meu pescoço, o teu respirar,
arrepiar-me ao senti-lo por sentir que existes,
e de olhos fechados sentir o mundo a parar.


Sinto o toque suave, da tua pele. no meu rosto,
sinto o perfume do teu cabelo a envolver-me,
sinto que sentes em mim este enorme fogo posto,
que é desejo e um amor enorme a prender-me.


Chegas com os teus lábios finos em felicidade,
onde saiem as palavras doces que sei para ti,
digo-as todas sempre puras e na maior verdade,
porque sou assim para ti em tudo o que já senti.


E beijas-me, loucamente, como se fosse já amanhã
o fim do mundo e tudo terminasse naquele segundo.
Deixas-me sem norte, baralhado numa doença sã,
em desejo, em delirío em amor enorme e profundo.


E assim, quase sem me tocar, levas-me à loucura,
desatas o desejo e com palavras ditas em surdina,
fazes-me voar maus alto e ficar a pairar em ternura,
abraçado a ti e ao teu sorriso terno e doce de menina.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Terra do Nunca

Bem vindo à minha casa,
ao meu espaço ilimitado,
onde o silêncio me arrasa,
e tudo está sempre inacabado.


Aqui o sorriso não tem perfume,
o olhar jamais consegue horizonte,
a lenha nunca se consome em lume,
e a água já não cai da mesma fonte.


A luz, é sombria, fraca e triste,
o calor é frio e húmido e cortante,
aqui jaz a vontade que ainda resiste,
de um imenso sonho sempre distante.


Sê, a esta Terra do Nunca, Bem Vindo,
Aqui onde não há árvores nem florestas.
Acomoda-te neste espaço antes lindo,
onde agora até os círculos têm arestas.


Bem vindo ao espaço que é utopia,
sendo a maior de toda a verdade.
Aqui, onde antes reinou a alegria,
vive solidão que já nem sabe a idade.


As cores já não têm nenhum vigor,
as imagens estas sêcas e gastas.
Nesta sala onde um dia se fez calor,
hoje correm ventanias madrastas.


Pelos corredores cheios de passos perdidos,
ainda vagueiam vultos sem alma nem rosto.
Aqui perdem-se sonhos por outros esquecidos,
e nada jamais se fará com o mesmo gosto.


Sê, a esta Terra do Nunca, Bem Vindo,
Aqui onde não há árvores nem florestas.
Acomoda-te neste espaço antes lindo,
onde agora até os círculos têm arestas.


Talvez alguém se lembre e traga um dia,
a vontade desvairada de voltar sorrir.
O bater na porta e ao abrir que sorria,
para depois todas a minhas janelas abrir.


Sê, a esta Terra do Nunca, Bem Vindo,
Aqui onde não há árvores nem florestas.
Acomoda-te neste espaço antes lindo,
onde agora até os círculos têm arestas.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sociedade Hipócrita

Começo a acreditar que a hipocrisía é dom,
que o cinismo e a ironia são boas qualidades,
esquecer o que somos é sempre de bom tom,
e as mentiras são sempre superiores às verdades.


Começo a ver como prevalecem os seres superiores,
que é enorme e voraz a sua vontade de mentir,
que é sempre bem melhor os seus pareceres exteriores,
do que ter por dentro a sua alma a sorrir.


Ohhh Sociedadesinha hípócrita e de mentira,
que compras os corpos e sorrisos por milhares,
mas que respondes com toda a tua enorme ira
às almas que tentas enganar para depois pilhares.


Mas ainda acredito que um dia a verdade será maior,
que um sim será sim, e o não terá a verdade da razão.
Ainda quero acreditar que apesar de causar dor,
se diga com franqueza, porque é a verdade, um não.


Quero muito poder ver, ainda, talvezpor ser sonhador,
que o mundo é verdadeiro e transparente no seu ser.
Senão de que vale ao Homem jurar puro e sentido amor,
se ninguém saberá se é a verdade o que ele está a dizer.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Todas as noites

Todas as noites passo naquele banco,
todas as noites volto á baía sozinho,
sem deixar passar uma noite em branco,
vejo sempre o horizonte daquele cabo sozinho.


Todas as noites, calado, falo aqui contigo,
fico sem resposta mas imagino o que dirias,
sinto tudo como sente qualquer amigo,
sinto tudo como nas noites em que sorrias.


Percorro cada centímetro de uma vida,
que tento levar ao cabo do mundo,
uns dias feliz outras um tanto sofrida,
mas o caminho é frio por ser escuro e profundo.


Uma vezes penso ser tarde, outras ser cedo demais.
Há dias em que está frio, outros o calor é abrasador.
Mas no fundo os dias têm sido todos sempre iguais,
e cada dia passado é simplesmente aterrador.


Todas as noites o sonho é sempre igual, doce...
Todas as noite o vazio é enorme, intenso...
Como que se a existência já não o fosse...
Mas a verdade é que a saudade é um sentimento imenso.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Uma Gota

Uma gota... Simples, singela...
Uma pequena gota de mundo,
enorme o que carrega nela,
esse imenso sentimento profundo.


Uma gota... não é mais que uma gota.
que não pode, nem consegue contrariar
as leis impostas pela gravidade,
e que escorre pela vida fora...
Talvez por ter o peso de um sentimento,
Talvez por apenas ser obra do momento.


Uma gota... igual a tantas outras mais,
uns dias em enchorradas de inverno,
noutros apenas escorre imóvel solitária
por ter inundado um olhar em silêncio.
Talvez por ser o gesto visívél do coração,
Talvez por ser a minha única oração.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Versos fáceis...Sentimentos dificeis...

No perfume de um vazio e frio olhar,
aquele que temos antes de os olhos fechar,
jazem moribundas ilusões por realizar,
esvoaça a felicidade solitária no ar.


Mesmo num doce e meigo querer,
jamais poderás um dia vir a saber,
que há algo que dói mais que morrer
quando sabes e sentes e deixas de ver.


E ainda que queiras um dia voltar e vir,
que tenhas um vontade de saber sorrir,
que tudo de bom te faça de novo sentir,
é tarde para tudo isto agarrar e conseguir.


Já não és mais um feliz e criativo sonhador,
as tuas mãos amparam e não desfazem a dor,
não serás capaz de regenerar em ti o calor,
e deixarás de acreditar no puro e sincero Amor.


O tempo leva tudo sem que nada dure...


sexta-feira, 1 de maio de 2009

Calar o Silêncio

Sim é o silêncio que te grita no escuro do dia,
que desmonta todo o sonho que solitarário queria.
Um clamor surdo que invade e rasga a tua alma,
uma tempestade que se abate em ti com imensa calma.
Um abismo que se abre aos teus pés que não têm chão,
como se uma lágrima fosse nada e um sim fosse não.

Sim, um inodor cheiro intenso a nada que te deixa assim,
que faz de ti, incerto, aquilo que há muito fizeste de mim.
Uma onda avassaladora dominada por um não querer,
que te puxa ao chão por mais que queiras deixar de sofrer.
Sofres em silêncio por trás de um sorriso de mentira,
que mascára a tua dor mas jamais calará a tua ira.

Tu e eu sabemos como tudo isto mói,
sabemos o frio que faz num verão que dói.
Calamos estúpidamente a pura verdade,
presa livremente numa falta de vontade.
E choramos longe, a sós no meio da multidão,
dizendo com o olhar o que não fala o coração.

E o relógio imparável dá horas inquietamente paradas no tempo,
ouves músicas no silêncio da noite, sons calados a cada momento.
Pintas a dor umas vezes a cores berrantes outras em tons claros,
E o calor de um abraço, de um carinho tornam-se momentos raros.
Como se a vinda ao mundo, e toda a tua vida não tivesse sentido,
como se nada nem nunca, o amor e a felicidade te tivesses sorrido.

Mas o tempo não pára e é imensamente doloroso,
faz do veludo da vida um tecido áspero e rugoso.
E por mais que inundes o teus olhos ternos e doces,
jamais lavarás a alma de todas as mágoas precoces.
E mesmo calando ouvirão a tua voz chorar de saudade,
porque é nela que está a única e solitária verdade.

Sonhar um sorriso

Pedes-me um sorriso,
eu dou-te o meu.
Pede-me um olhar,
tu sabes que é teu.


Pedes-me um momento,
para fazer parar o mundo,
Dou-te a minha vida inteira,
em troca desse segundo.


Pedes-me um toque de carinho,
dou-te a minha trémula mão,
que se move ansiosa por a ti chegar,
e poder levantar-se do frio chão.


Pedes-me o beijo que ficou preso,
numa lágrima voadora ainda a cair.
Esse é o sonho doce por realizar,
e o único que me faria sorrir.


È apenas, mais um incólume delirío.
porque tudo não passa de um sonho.
A moléstia da vida vive no coração,
e o meu sorriso tornou-se medonho.